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Noticias verdadeiras (ou não) do dia-a-dia que retratam uma fatalidade mas não deixam de ser engraçadas para quem lê.

quinta-feira, maio 29, 2003

Depois de 21 anos, iraquiano sai da 'toca'


Jawad Amir é, antes de tudo, um iraquiano de fibra. Para escapar da perseguição do ex-ditador Saddam Hussein, que tinha decretado sua execução, ele passou 21 anos ininterruptos - e sem qualquer contato com o mundo - em um cubículo entre duas paredes, construído na casa de seus país. A liberdade só chegou em abril, após a derrubada do regime pelas tropas anglo-americanas.


A provação de Amir começou em 1982. Na época com 28 anos, ele apoiava um líder religioso xiita, transgressão que lhe valeu a decretação de sua execução pelo regime de Saddam. Embora sejam 60% dos 24 milhões de iraquianos, os xiitas sempre foram perseguidos pelo ex-ditador, de origem sunita - o ramo majoritário do islamismo.

Sem tempo nem condições para tentar a fuga para outra cidade ou para um país vizinho, Amir foi refugiar-se na casa do país, na pequena localidade de Johah. Para evitar que ele fosse descoberto pelos agentes de Saddam, numa eventual revista, a família do condenado inventou um esconderijo nada convencional: um cubículo escuro entre duas paredes da casa.


Nas ondas da rádio 'BBC'

Durante todos os anos em que esteve "emparedado", Amir garante que nunca saiu do cubículo. Sua única "janela" para o mundo exterior era um olho mágico. "Neste lugar, preparei meu esconderijo para me afastar das pessoas, de modo que ninguém pudesse me denunciar ao regime", afirmou.

Para agüentar uma reclusão que prometia durar anos, Amir tratou de preparar tudo o que precisava para sobreviver. Munido de um rádio, ele passava os dias ouvindo as transmissões em árabe da BBC de Londres e lendo o Corão (livro sagrado dos muçulmanos). Bebia água de um pequeno poço e era alimentado pela família. Apenas os parentes mais íntimos sabiam de seu paradeiro e tinham contato com ele. Até mesmo os vizinhos e amigos mais próximos acreditavam que Amir estava desaparecido ou tinha se exilado.

Os primeiros sinais de que a liberdade estava próxima vieram com o início da guerra dos EUA contra o regime de Saddam, em 20 de março. Três semanas depois, a queda das estátuas do ditador anunciou sua derrota. Foi só então que Amir se sentiu seguro para deixar seu esconderijo.

Hoje com 49 anos, ele se diz confiante e otimista para reconstruir a vida.

Ramsya Haddi, sua mãe, vai mais fundo e desabafa: "Sinto-me como se tivesse acabado de dar à luz novamente."

fonte:http://www.jt.estadao.com.br/editorias/2003/05/28/int012.html
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